terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Manifestantes desocupam estrada de ferro da Vale

MARIANA SALLES
Colaboração para a Agência Folha, em Parauapebas (PA)

Integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) desocuparam hoje os trilhos da Estrada de Ferro Carajás, no sudeste do Pará. Os acampamentos montados às margens da ferrovia, porém, continuam recebendo mais manifestantes.

A ferrovia, da Companhia Vale do Rio Doce, foi invadida ontem em um trecho em Parauapebas (836 km de Belém). Os trens voltaram a circular pela estrada, com restrições, no fim da tarde de hoje. O tráfego havia sido interrompido na quarta-feira pela manhã.

Movimentos de garimpeiros da região também se uniram aos sem-terra na ação. Os manifestantes protestam contra a atuação da mineradora no Pará e reivindicam a reestatização da companhia, privatizada há dez anos.

Representantes do governo do Estado foram ao local para negociar a liberação. Lideranças do MST dizem que conseguiram marcar para a próxima semana uma reunião com representantes do governo federal em Brasília para discutir as reivindicações. Mas pretendem deixar o local somente após o encontro.

Maria Raimunda César, da direção estadual do MST, afirma que os acampados podem voltar a invadir os trilhos se a reunião não for mantida.

Segundo a Polícia Militar, havia cerca de 800 pessoas no local ontem. O MST diz que são 2.600 famílias. Os manifestantes estão acampados ao longo de três quilômetros da ferrovia.

Agentes e delegados da Polícia Federal foram enviados ao local. Segundo a assessoria da PF, os policiais vão primeiramente negociar a desocupação da área com os manifestantes. Por ser uma concessão federal, só policiais federais podem intervir no impasse. A PM do Pará somente monitora a situação.

A assessoria da Vale diz que, com a permanência dos manifestantes nas proximidades da ferrovia, há riscos à segurança dos "empregados da companhia e dos próprios invasores".

A companhia afirma que uma usina da empresa no Maranhão ficou sem matéria-prima ontem por causa da obstrução da ferrovia. São transportadas diariamente pela estrada 250 mil toneladas de minério de ferro.

A empresa diz também que aguarda o cumprimento de uma liminar concedida pela Justiça Federal ontem determinando a reintegração de posse da área. O juiz responsável pela decisão fixou multa diária de R$ 10 mil para cada invasor que permanecer obstruindo a ferrovia. Também ordenou a apreensão de bens dos manifestantes para identificar os financiadores da ação.


Job:
Reportagem
Cliente: Folha de S. Paulo
Descrição: Visita ao acampamento do MST, levantado na ferrovia que liga Parauapebas a São Luis -por onde a Vale transporta todo minério de ferro retirado da mina de Carajás -, como forma de protesto.

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